segunda-feira, 18 de julho de 2011

Transformação de um segundo sexo?



O sujeito do feminino é instituído como múltiplo e construído no embate das discussões e posicionamento em conflito, demonstrando que o gênero é a representação do real, uma auto-representação. Enquanto sendo real, participará da sua própria construção.
Na possibilidade da desestabilização de gênero, a desconstrução interferirá na construção do real. Nesse devir das representações, será produzido suas diferenças, sendo a força da mudança social bastante presente em suas concepções, seja através de um sujeito, que, produzido pelo gênero, é capaz também de tomar distância em relação ao social seja pela descontrução do feminino.
Segundo Simone de Beauvoir  "NINGUÉM nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro." Nós somos donas do nosso desejo que transformamos os desajustes do sexo que antes era algo exclusivo para o poder masculino e uma alternativa de poder para nós mulheres, mostrando que somos sim senhoras de nossas vontades e necessidades.
Esta mudança de papel transformou profundamente o relacionamento entre homens e mulheres também na vida privada. As conquistas das mulheres tiram os homens de seu lugar original e geraram o mal-estar da masculinidade. Enquanto a mulher se faz forte com as suas conquistas, o homem de hoje em dia está abalado pela contestação profunda dos valores masculinos. E o homem contemporâneo precisa se reinventar a partir dos valores femininos.
Segundo Freud em uma carta para Marie Bonaparte, ele a indaga com a seguinte questão: "O que querem as mulheres"? Temos que levar em fato que Freud não está perguntando o que desejam uma mulher, por que ele próprio foi o autor que afirmou que o desejo é de natureza inconsciente. Então ninguém sabe o que deseja uma mulher, um homem deseja, mas ele pergunta o que quer uma mulher? Que pode-se manifestar através de atos, fantasia, sendo ela o suporte do desejo.
Vamos em primeiro lugar colocar a seguinte colocação, o que poderia querer uma mulher, sem ter que conquistar através do homem? Podemos citar Madame Bouvary, como personagem pragmático, demonstrando a limitação feminina. Com a educação que nos foi dada, caracterizada pelo silêncio, o que queremos fica no nosso ímpeto desejo inconsciente de nosso mundo privado e afim de dizer sempre o que os homens desejam escutar de nós mulheres.
Mas podemos voltar essa perguntar e reformula-lá da seguinte maneira, " o que você homem não quer saber?", pela insistência tem algo que vocês não querem saber, pelo motivo de que hoje as mulheres falam muito, ao contrário que temos o quadro do século XIX. Colocamos em questão a cegueira masculina, posicionando qual mentira que o homem quer ouvir de uma mulher? No qual, ela quer, é o que ele pode lhe dar. 
Esse querer da mulher, como sujeito, almeja, segunda a psicanálise, o Falo, que é estar além do homem, ainda que o homem seja o portador do símbolo fálico por excelência. Sem desfazer disso, que seria se desfazer do desejo, a mulher pode ansiar o falo, de várias maneiras, até mesmo confusas e enigmáticas para ela. 
Outra idéia que o homem não quer saber, é que a castração não é somente no lado da mulher, sendo ela a condição do desejo, mesmo que no entanto, o homem por mais desejante que seja, hesita em dizer que a castração está nos dois gêneros, transformando a mínima diferença entre os gêneros.
Mas quais seriam o efeitos dessa mínima diferença subjetiva? O homem se for um neurótico normal nas leis freudianas e se torna marcado constantemente pela angústia da castração, no fato do medo em perder o que ele acha que tem a mais. Já a mulher, mesmo com a suposta inveja do homem, ela não é marcada pela forma de angústia, ou seja, as mulheres no erotismo, não têm medo de perder algo de seu corpo (lembrando que é no erotismo, porque na vida realmente temos medo de perder algo).
Segundo Rousseau, a mulher é toda sexuada, como o homem tem um certo tempo que no qual o seu desejo se esvai, a mulher não tendo muito bem um lugar que  seu libido é liberado, ela é toda o sexo e pensou-se  de que maneira um casamento daria certo; por esse fato e sendo a única maneira de combater isso nas mulheres, seria educá-las para punir e castrar esse sexo contido em seu corpo.
Nesse preceito, segundo livro Tabu da Virgindade de Freud, a mulher nasceu para ser recatada e submissa, fazendo somente o que o marido pedisse e que ele ensinaria a ela  o que seria o sexo, sendo ele o portador da experiência e virilidade, tendo assim o começo da histeria feminina, segundo Foucault a sexualidade tem como dispositivo, a negação, através dessa negação que os sintomas da mulher surgem como uma bomba para elas, quanto mais retraí-las, mais histéricas tornariam-se as mulheres, prostrando para os dias de hoje esses sintomas se caracterizam os transtornos alimentares.
Com todos esses tabus e negações, as mulheres puderam com o tempo, deixar de se culpar por motivos que não foram boas mães e donas de lar. Com um simples dispositivo tecnológico pode-se revelar que o sexo não é para procriação somente, a invenção da pílula anticoncepcional, venho de fato representar a liberdade sexual feminina, podendo mostrar a elas o prazer e o desejo do outro através do sexo, sem ter a maternidade como companheira constante nesse caminhar.
Essa modificação que trouxe para a relação de gênero
Mas qual era a condição do feminino? Era ser virgem, esperando o seu amado, totalmente idealizada, merecendo todo o ritual masculino para conseguir levá-la para a cama, como princípio básico do casamento, mesmo que depois os homens perdiam total interesse sexual por elas. 
E é engraçado ver as mulheres dizendo e demonstrando o seu lado masculino de que eu posso tanto quanto homem, entra em conflito com a virgem do altar dentro de si que ainda espera o homem mandar flores no dia seguinte, mas essa condição de romantismo querendo ser resgatado por nós, foi derrubado em busca de uma masculinidade dentro de nós. 
E é essa geração de pós feministas que não levando mais o falo como uma mera farsa, atestam que mesmo sendo o falo uma máscara, não justifica que o homem é mais farsante que as mulheres, considerando também que a feminilidade é uma farsa, forjada à estabelecer parâmetros entre a disputa de poderes no gênero.
E para encerrar, o que seria essa feminilidade sem complexos? O que seria esse retorno invertido, chamado de operação castração?  A questão da feminilidade é da mulher se fazer de castrada para satisfazer seu homem, nesse jogo de poder, fazendo com que o homem pense que ele é o dono do Falo e que é o símbolo de virilidade em cima do feminino. E por consequência esse conflito deturpa também o imaginário masculino, tendo como questão preocupante a violência em torno da mulher, fazendo-se  impor o seu último avatar de masculinidade, através da violência. E por consequência essa feminilidade, sofre com o avanço das relações interpessoais de gênero, na mera assimilação eficaz da relação homem e mulher, imaginando as novas definições de corpos e desejos do gênero.

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